Os provedores de Internet entram nas residências

30/10/2019

Os provedores de Internet entram nas residências

O Serviço customizado, chegar a áreas suburbanas e rurais esquecidas pelas grandes companhias, bem como desenvolver estratégias e negócios à medida do cliente, parecem ser a chave do sucesso dos pequenos provedores de Internet (ISP) na América Latina e no caribe.

Durante um painel celebrado no LACNIC 32 LACNOG 2019, executivos de ISPs do Brasil, do México e do Panamá expuseram suas estratégias para sobreviver com êxito em um mercado competitivo que cada dia exige maiores desafios tecnológicos.

Ariel Weher, palestrante do debate, destacou o papel dos pequenos ISPs da região por seu crescimento exponencial, seus investimentos em hardware e software e seus serviços de valor agregado para concorrer com as empresas de maior porte.

Casos de sucesso. Jesus Espinoza, líder de inovação e estratégias da panamenha Ovnicom, salientou que o desenvolvimento de serviços foi a chave que fez com que essa empresa se diferenciasse de seus concorrentes durante seus 18 anos de operações no Panamá. “Mudamos do modelo transacional para o um modelo de confiança com o cliente”, afirmou Espinoza.

A Ovnicom passou de ser uma companhia que em seus primórdios oferecia somente telefonia, a ser um provedor de variados serviços digitais: networking, telefonia IP, Internet e serviços cloud.  “O negócio mudou e nós também mudamos. Pusemos nosso foco em conseguir serviços de baixos custos e excelente qualidade”, acrescentou.

33% vs 2%. Basilio Pérez da ABRINT e presidente da LAC ISP (associação que reúne câmaras de provedores de Internet de cinco países), comentou que os ISPs no Brasil cresceram em banda larga 33% ao ano em market share, enquanto as grandes empresas cresceram somente 2%. “Estamos abrangendo cada vez mais terreno ocupado por eles”, acrescentou Pérez.

Apontou que 88% dos novos usuários por banda larga existentes no Brasil chegaram no último ano a través dos ISPs, quase todos com fibra ótica.

Segundo Pérez, o crescimento ocorre porque as pequenas empresas levam Internet a lugares onde as grandes companhias não vão por não obterem retorno vantajoso. Acrescentou, ainda, que são empresas preocupadas pelo desenvolvimento técnico: 77% dos ISPs contam com ASN e 78% está operando exclusivamente com fibra ótica.

O cliente, a razão de ser. Moisés Abadie, da Liberty Panamá e vice-presidente do IXP local, assegurou que seu guia é sempre se diferenciar da concorrência. “Como micro provedor sempre estamos à procura do nosso espaço e de oportunidades para obtermos retorno e sermos provedores sólidos de um serviço”, disse Abadie.

 “Quem é o cliente? Já não é apenas o indivíduo, senão o dispositivo. Hoje em dia lutamos com um cliente muito mais complexo. Devemos assegurar-nos de que esse cliente tenha o serviço no seu celular, no seu computador portátil ou na TV de seu quarto. E, para isso, temos que entrar em sua casa, com um serviço customizado”, acrescentou.

Por sua vez, Ricardo Acosta, da Konecta do México, enfatizou que a empresa é pioneira no desdobramento de redes sem fio nas áreas rurais e urbanas do México.

Afirmou que já são 15 anos de aventura, procurando reduzir a brecha digital no México, focando seus esforços em cobrir as zonas rurais da Baixa California, onde ninguém queria ir. “Detectamos as grandes necessidades das zonas rurais e suburbanas, e começamos a conectar os pequenos fazendeiros e empresários a fim de que possam ter sua janela aberta para o mundo. Depois chegaram outros clientes residenciais, desde desenvolvedores software a gammers, “ relatou Acosta.

 “Nós vamos até onde os outros não querem ir, e não vamos somente para ver se podemos, muito pelo contrário, porque podemos vamos”, acrescentou, parafraseando o legendário Pancho Villa.

Enfatizou que ser pequeno significa, em um mundo de grandes, “ser grande para locomover-se rápido e pequeno para se reinventar facilmente”.

Seu serviço é chamado de “glocal”, um serviço com qualidade global comprado de um provedor local.

Atestou que contar com recursos numéricos próprios (IPs) os ajudou a fazer conexões estáveis sem depender de um só carrier de trás, bem como bater às portas das grandes corporações e do governo.

Assista ao vídeo do painel aqui.