“Não desconectar aos já conectados e conectar aos que ainda não estão”

22/12/2016

“Não desconectar aos já conectados e conectar aos que ainda não estão”

Os principais desafios para conectar a quem não estão conectados e manter na Internet a quem já são usuários da rede, requer da colaboração e da participação dos múltiplos atores interessados nas Tecnologias da Informação. A abordagem do modelo multistakeholder é o que vai permitir enfrentar com maior sucesso os desafios atuais da Internet, garantiu o CEO de LACNIC, Oscar Robles, durante sua intervenção no chamado Diálogo de Alto Nível do Fórum de Governança da Internet (IGF), realizado na primeira semana de dezembro em Guadalajara (México).

Robles participou como palestrante da “High Level Meeting” conjuntamente com os principais lideres mundiais da Internet em uma sessão que abriu os debates do IGF.

Para conectar os bilhões que faltam e garantir a permanência de aqueles que já usam a Internet “são necessários projetos muito mais complexos e completos, com múltiplas habilidades, com múltiplos atores e com múltiplas partes interessadas” afirmou o diretor executivo de LACNIC (veja https://youtu.be/ja9nk7g0Tzg?t=1h42m8s).

Robles disse que para reduzir o fosso digital “é fundamental não desconectar aos já conectados e conectar aos que ainda não estão conectados”. Também apontou que a preocupação deve incluir aos que se desconectam por algum motivo, e nesse sentido advertiu sobre casos em que começa a deixar de ser rentável para algumas empresas “conectar alguns dos que hoje já estão conectados” na Internet. É aí que, na opinião de Robles, o Estado pode desempenhar um papel vital.  “O desafio dos Estados é garantir que os incentivos, como dizia Vint Cerf, sejam os adequados para manter aos conectados, e como levar projetos de conectividade aos não conectados”, afirmou.

Ele argumentou que as propostas devem ser criativas e diferentes daquelas que têm sido desenvolvidas até agora -em sua grande maioria projetos de engenharia- e que as soluções exigirão ideias muito mais complexas e completas com a participação de múltiplas partes interessadas.

“Quando a gente se conecta a Internet recebe 65.536 possibilidades de conexão e de inovação em cada dispositivo. Existe o risco de que os novos usuários que se conectem não recebam a Internet com essas possibilidades, por questões de zero rating ou porque não estão implementados os protocolos necessários como o IPv6”, enfatizou Robles.

Ele também propôs ter a capacidade de recuperar a confiança na Internet dos muitos milhares de usuários que a perderam porque se sentem sobre vigiados.

“Para todo isso é necessário e inevitável o modelo multistakeholder. Considero que as diversas organizações presentes no IGF têm a grande responsabilidade de resolver esses desafios. Somente assim vamos conseguir que a Internet continue a trazer benefícios para a sociedade toda”, finalizou o CEO de LACNIC.

Acordo por nuvem Anycast. Do outro lado, durante o IGF, Robles, em representação de LACNIC assinou um acordo sobre o projeto de nuvem Anycast com as organizações da região LACTLD, NIC.br e NIC.cl.

Este projeto, impulsionado por LACTLD, é um esforço de cooperação regional, em que os ccTLD da América Latina e o Caribe procuram promover a robustez e a resiliência da Internet na região mediante um mecanismo que permite reutilizar um mesmo nome de NS em diferentes locais geográficos.

É uma rede baseada no princípio do melhor esforço (best effort) e direcionada aos ccTLD membros de LACTLD.

Hoje este projeto tem cinco nós: dois no Brasil hospedados por NIC.br, um em Santiago hospedado por NIC Chile, um em Montevidéu hospedado por LACNIC e um em Buenos Aires hospedado por NIC.ar.

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